COMUNICADO SOBRE A RETOMADA CONSCIENTE DAS ATIVIDADES DA FUNCATE EM CUMPRIMENTO AOS DECRETOS ESTADUAIS Nº 64.881, DE 22 DE MARÇO DE 2020, Nº 64.994, DE 28 DE MAIO DE 2020, E Nº 65.563, DE 11 DE MARÇO DE 2021.


Nos termos do art. 2º, inciso IV, do Decreto Estadual nº 65.563, de 11 de março de 2021 (DOSP de 12/03/2021), alterado pelo Decreto Estadual nº 65.596, de 26 de março de 2021 (DOSP de 27/03/2021), bem como em atenção às recomendações da Organização Mundial de Saúde – OMS, informamos que a FUNCATE manterá as suas atividades exclusivamente em sistema de home office até o dia 11 de abril de 2021. Durante esse período a Fundação analisará os indicadores da Secretaria de Saúde e as regras gerais e específicas que serão editadas, a fim de decidir sobre a forma de atuação do próximo período.

Contamos com a compreensão de todos e continuamos a acompanhar a evolução da Pandemia COVID-19, bem como as medidas dos três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal).

Colocamo-nos à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários. Atenciosamente,


Dr. Josiel Urbaninho de Arruda
Presidente do Conselho Diretor



Funcate - Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais

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Integradora para área de lançadores deverá sair do papel

Autor: Leandro Duarte, da Agência Gestão CT&I

Desde o início das atividades espaciais no Brasil, o objetivo central era realizar uma missão completa. Ou seja, lançar um satélite nacional, por meio de um foguete brasileiro, a partir de um centro de lançamento local. Hoje, ainda que para muitos seja subutilizada, o País tem capacidade de desenvolver satélites e possui duas bases espaciais, uma delas, a de Alcântara, vista com bons olhos pelo mundo em virtude de sua localização geoespacial privilegiada. O maior desafio, no entanto, está na área de lançadores. O projeto do Veículo Lançador de Satélites (VLS), ainda dos idos da década de 1980, nunca realizou uma operação de sucesso. A última delas, inclusive, protagoniza uma das maiores tragédias brasileiras, quando a explosão do foguete matou 21 pessoas, em 22 de agosto de 2003, durante missão no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.

De lá para cá, o Brasil não conseguiu desenvolver um foguete capaz de transportar satélites. Em 2007, em uma tentativa de acelerar a aquisição de um lançador nacional, o País assinou acordo de cooperação com a Ucrânia para desenvolver uma empresa a fim de comercializar o lançamento de foguetes e satélites. Da parceria, surgiu a Alcântara Cyclone Space, responsável pela construção do lançador Cyclone 4. Desde sua criação, há sete anos, a iniciativa coleciona uma série de problemas. O primeiro voo do equipamento havia sido marcado para 2010. Naquele ano, já haviam sido consumidos US$ 105 milhões, e tinha outros US$ 375 milhões aprovados. Até o momento, nem foguete, nem centro de lançamento foram finalizados e não há previsões de quando serão entregues.

Na contrapartida aos lançadores, o setor de satélites, ainda que não esteja em ebulição, tem mais pujança no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram desenvolvidos e colocados em órbitas com precisão, um total de oito satélites. Destaque fica para série Cbers, equipamento com aplicações para sensoriamento remoto, desenvolvido em conjunto com a China.

A cooperação entre brasileiros e chineses é, inclusive, uma das que mais perduram entre acordos bilaterais do País. São mais de duas décadas de trabalhos desenvolvidos, com lançamento de quatro satélites. O último deles, o Cbers-3, no entanto, foi perdido devido a uma falha do foguete chinês. Apesar do incidente, a cooperação não ficou estremecida. Ao contrário, os esforços das partes cresceram e foi antecipada a operação de lançamento do próximo modelo Cbers, que deverá acontecer no início de dezembro.

À primeira vista, quem não está atento ao mundo espacial pode pensar apenas pelo lado das aplicações estratégicas que os satélites podem oferecer, como o monitoramento da Terra. Mas os objetivos para se entrar neste mercado vão muito além dos benefícios que o equipamento pode trazer. Por ter alto valor agregado, chegando a custar centenas de milhões de dólares, possuir o conhecimento de desenvolver satélites é entrar em um clube de poucas nações, que lucram bilhões de dólares por ano.

De acordo com o estudo “Satellites to be Built & Launched by 2018, World Market Survey”, lançado em 2009, até 2018, 1.185 satélites serão desenvolvidos e colocados em órbita, gerando receitas de aproximadamente US$ 178 bilhões. No Brasil, somente com a série Cbers, a indústria nacional recebeu encomendas que geraram negócios de mais de R$ 300 milhões, o que permitiu a sobrevivência das empresas do setor.

Pensando em aquecer o mercado interno e para funcionar como a contratante principal do programa do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC-1), o Governo Federal criou a Visiona, joint venture entre a Telebras e a Embraer. Ainda que haja resistências em relação à empresa, as perspectivas em torno da inciativa são grandes, em especial, do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho.

“A oportunidade que se criou com essa demanda do Ministério da Defesa e da Telebras nos permitiu utilizar conceitos mundiais, que é o conceito de empresa integradora. Não vamos apenas ficar no universo do SGDC. A principal meta é consolidar a nossa base industrial na área espacial”, relatou o dirigente.

O modelo de aquisição do SGDC prevê a absorção e a transferência de tecnologia. Isto já está em curso, com profissionais brasileiros trabalhando diretamente nas fábricas do fornecedor (Thalia Alenia Space, da França) do satélite. Eles deverão voltar para aplicarem o novo conhecimento dentro das instalações fabris do País.

O sucesso da integradora de satélites, aliado às dificuldades do Brasil em desenvolver um lançador, podem ser elementos suficientes para a criação de uma empresa, nos moldes da Visiona, para área de foguetes, como revelado pelo presidente da AEB à Agência Gestão CT&I, em fevereiro de 2013.

“Para a criação e execução de grandes projetos, como o SGDC, é preciso uma necessidade e uma oportunidade. Apesar da necessidade, ainda não tivemos uma grande oportunidade para a área. Na área de satélites, ela surgiu e entramos para valer [criação da Visiona]. Estamos aguardando esta oportunidade para o setor de lançadores”, explicou o presidente da AEB.

Coelho, no entanto, admitiu que os planos para se criar uma companhia nessa área estão em curso. Segundo ele, a AEB trabalha com empresas de grande porte para discutir a viabilidade desta empreitada. O dirigente, inclusive, deu uma pista do que pode ser o ponto de partida da instituição.

“Olha, eu diria que o advento do VLM [Veículo Lançador de Microssatélites] pode ser exatamente uma grande oportunidade de encararmos esse desafio de ter uma integradora na área de lançadores”, afirmou.

O desenvolvimento do VLM deverá ser realizado em conjunto com a Alemanha. No final de fevereiro deste ano, representantes das nações se reuniram para iniciar a conversa sobre a construção do foguete. O equipamento será formado por três estágios, dois levando um motor S50, com cerca de dez toneladas de combustível, e um estágio orbtalizador portando um motor S44.

Na reunião, foi cogitada a possibilidade do VLM ser utilizado em 2015, durante a operação Shefex 3, da Agência Espacial Alemã (DLR, na sigla em alemão).

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